Interrail pela Europa – O nosso roteiro

Com apenas duas mochilas de 40L às costas, partimos para uma aventura de um mês. Delineámos um roteiro de Interrail pela Europa para, em 30 dias, visitar 9 países e 13 cidades, contudo não planeámos que esta viagem nos desse a vontade de conhecer o mundo que temos agora. Estávamos também longe de imaginar que iríamos ter um blog de viagens (motivo pelo qual grande parte das fotografias desta altura que temos não têm grande qualidade e, shame on us, muitas são selfies).

Neste artigo, revemos o nosso memorável Interrail pela Europa. Dividindo-o por dias, fazemos em cada um deles um pequeno relato do que fomos vivendo e por onde fomos passando.

Esta foi a nossa primeira grande viagem e aquela da qual falamos sempre com grande entusiasmo e com um sorriso no rosto. Esperamos verdadeiramente que, com este artigo, também viajes connosco.

O roteiro do nosso Interrail de 2015 – 30 dias pela Europa

Estás interessado numa versão resumida do nosso roteiro de Interrail pela Europa? Podes encontrar já de seguida as nossas “paragens” e um mapa para te ajudar visualmente.

1º dia: Viagem Porto → Berlim (Alemanha) feita ao final do dia

2º, 3º e 4º dias: Berlim

5º dia: Viagem Berlim → Varsóvia (Polónia) feita de manhã

6º e 7º dias: Varsóvia

8º dia: Viagem Varsóvia → Cracóvia (Polónia) feita de manhã

9º e 10º dias: Cracóvia (com visitas a Auschwitz e às minas de sal de Wieliczka)

11º dia: Viagem Cracóvia → Praga (República Checa) feita durante a noite

12º, 13º e 14º dias: Praga

15º dia: Viagem Praga → Český Krumlov (República Checa) feita de manhã

16º dia: Viagem Český Krumlov → Viena (Áustria) feita de manhã

17º e 18º dias: Viena 

19º dia: Viagem Viena → Bratislava (Eslováquia) feita de manhã

20º dia: Viagem Bratislava → Budapeste (Hungria) feita ao final da manhã

21º, 22º e 23º dias: Budapeste

24º dia: Viagem Budapeste → Ljubljana (Eslovénia) feita de manhã

25º dia: Ljubljana

26º dia: Viagem Ljubljana → Bled (Eslovénia) feita de manhã

27º dia: Viagem Bled → Veneza (Itália) feita de manhã

28º dia: Viagem Veneza → Milão (Itália) feita ao início da tarde

29º dia: Viagem Milão → Genebra (Suíça) feita de manhã

30º dia: Viagem Genebra → Porto feita ao final da tarde

Muitas paragens, muita informação que queremos partilhar contigo. Se ficaste curioso para conhecer a nossa experiência em cada um dos locais, continua a ler, ou salta diretamente para o destino que te interessa carregando no respetivo link.

1º dia: Porto → Berlim

Voámos do Porto para Berlim e já só chegámos à capital da Alemanha de noite. 

Depois de um período de confusão sobre como comprar os bilhetes do metro e para onde devíamos seguir, lá nos orientámos e seguimos para o nosso alojamento que ficava na periferia da cidade. Nessa periferia, encontramos uma cidade já bastante “adormecida” para aquilo que estávamos à espera. E, com os supermercados todos fechados, valeram-nos as sandes de panado caseiras que trazíamos na mochila (para viajar com um orçamento limitado há que poupar em tudo o que for possível!).

Pouco explorámos nesse dia, para no seguinte acordar cedo e palmilhar a cidade, como tanto gostamos.

Alexanderplatz, Berlim
Alexanderplatz, no centro de Berlim

2º dia: Berlim

Começámos a visita a Berlim com uma walking tour, que foi uma das melhores que fizemos até agora. O “guia”, um australiano que estudava história em Berlim, levou-nos por alguns dos principais pontos turísticos do centro histórico (ao redor da ilha dos museus) e foi desvendando vários pormenores sobre cada edifício e parte da cidade onde estávamos. No resto do dia, continuámos a visitar esta parte de Berlim e subimos ao parlamento alemão (Reichstag), uma experiência que aconselhamos.

Descobrimos uma cidade riquíssima em história, cosmopolita, multicultural, cheia de energia e cujas pessoas nos pareceram muito “livres”. Livres principalmente de preconceitos e do que o outro pensa sobre a sua forma de vestir, de estar, etc., o que, tendo em conta a “pesada” história de Berlim, foi muito interessante de observar.

Catedral de Berlim
Catedral de Berlim

3º dia: Berlim

Este dia ficou marcado pela visita ao Muro de Berlim, a barreira física que separava Berlim Ocidental do Oriental, construído há quase 50 anos. Por um lado, símbolo de uma Alemanha dividida e do sofrimento de milhares de pessoas. Por outro, símbolo da liberdade com a sua queda em 1989. Ver e perceber esta história e outras tantas que Berlim tem para contar foi, sem dúvida, um dos pontos altos da nossa passagem pela cidade.

Mas Berlim não é só história e monumentos imponentes, é também sinónimo de comida de rua! Foram várias as iguarias com que nos deliciamos em “barracas” de rua despretensiosas e cheias de pinta.

Frase Muro de Berlim
Frase pintada no (que resta do) Muro de Berlim

4º dia: Berlim

Este foi o dia de visitar alguns dos pontos de interesse mais afastados do centro histórico. Um desses pontos foi o Palácio de Charlottenburg, que contrasta do resto da frenética e moderna cidade. Envolvido por tranquilos e agradáveis jardins, este palácio merece, sem dúvida, a visita.

Como Berlim é uma cidade enorme, utilizámos imenso o metro para nos deslocarmos. E algo que nos impressionou ao longo destes dias foi o facto de muitas paragens de metro serem um autêntico complexo comercial, com as mais diversas lojas, cafés e restaurantes. Vimos muitos grupos de pessoas jovens (e algumas menos jovens) a tocar música e a dançar, com uma descontração que nos agradou bastante. Sentimo-nos numa verdadeira grande cidade, como nunca antes tínhamos estado. E ambos ficamos com a sensação de que Berlim seria uma cidade em que adoraríamos viver!

Belvedere, Schlosspark Charlottenburg
Belvedere, nos jardins do palácio Charlottenburg

5º dia: Berlim → Varsóvia

Se é para acordar às 5h da manhã, que seja para viajar! Custa na mesma mas a motivação para sair da cama é maior. E foi assim que acordámos no quinto dia deste nosso Interrail pela Europa. Pegámos na mochila, com o pequeno-almoço, lanches e almoço preparados de véspera (sim, somos mesmo poupados em viagem) e com umas monumentais olheiras fomos para a estação de comboios. O destino? Varsóvia.

Após 6 horas de viagem, muitas fotografias tiradas à Raquel a dormir (esse ser que adormece em qualquer lado) e um almoço de pão com o equivalente alemão da Vaca Que Ri, chegamos à Polónia. Fomo-nos abastecer com mais mantimentos e dirigimo-nos ao alojamento que tínhamos reservado: um apartamento temível por fora, mas bastante arranjado por dentro e que nos ficou por uma pechincha (tal como quase tudo na Polónia: eis um dos motivos pelo qual adoramos este país!).

De tarde, fizemos aquilo que gostamos de fazer para ficarmos com um lamiré dos locais que visitamos (e também, em boa verdade, para nos ajudar a orientar espacialmente. Sabes? Somos dois desnorteados): uma walking tour. Qual não é o nosso espanto quando a moça que nos ia “guiar” falava português! Portanto, nunca se fiem em falar mal ou a dizer asneiras em português porque julgam que ninguém está à escuta, há sempre um tuga (ou um polaco que está a aprender português para ter créditos na faculdade) à espreita!

Na walking tour visitámos vários pontos de relevo no centro histórico e ficámos com dicas do que mais visitar e de onde comer. Adivinhem o que mais se come na Polónia? Leite e derivados, o que inclui o queijo. A Raquel estava nas suas sete quintas!

Centro histórico de Varsóvia
Centro histórico de Varsóvia

6º dia: Varsóvia

Varsóvia, terra de Chopin e de Marie Curie, cidade muito alegre e colorida apesar do seu trágico passado. O centro histórico deslumbrou-nos, os seus pierogis fizeram as nossas delícias e o calor que se fazia sentir deixou-nos K.O. (fizemos o Interrail durante uma vaga de calor que houve na Europa central e de leste). Para fugirmos ao calor, neste dia, demorámo-nos na visita ao Parque Lazienki. E podemos dizer com sinceridade que foi um dos parques mais bonitos que já visitámos.

De tarde continuámos a visita aos vários locais a que queríamos ir e, de noite, assistimos a um espetáculo de luzes, água e som que havia no Park Fontann. Gostamos do espetáculo mas a chuva foi tanta que saímos de lá mais ou menos como se tivéssemos mergulhado na fonte!

Parque Lazienki, Varsóvia
Parque Lazienki, em Varsóvia

7º dia: Varsóvia

No último dia em Varsóvia visitámos a zona mais moderna da cidade, onde monumentos antigos contrastam com recentes edifícios todos espelhados. Foi também nesta parte da cidade que andamos muito tempo perdidos, literalmente às voltas, à procura de um fragmento do muro do antigo Gueto Judeu. Encontrámo-lo escondido entre prédios (é mesmo preciso entrar para dentro do complexo habitacional para ver este muro).

Para terminar este pequeno relato da nossa passagem por Varsóvia, deixamos-te um texto que escrevemos em julho de 2015, durante esta viagem. Estes textos tinham como intuito fundamental informar os nossos familiares e amigos sobre o nosso paradeiro.

Aqui vai ele:

“Terminámos a nossa jornada em Varsóvia. Uma cidade muito alegre e, apesar de ter sido quase totalmente destruída na 2° grande guerra, conseguiram recuperar a beleza do local reconstruindo os principais edifícios à imagem dos originais. Valeu definitivamente a pena.”

Casas do centro histórico de Varsóvia
Com o objetivo de pagar menos imposto, calculado em função do comprimento da fachada na rua principal, nasce aquela casa estreita no meio da foto

8º dia: Varsóvia → Cracóvia

Já apaixonados pela Polónia, partimos mais uma vez de comboio (ou não fosse isto um Interrail) com destino a Cracóvia. Esperávamos encontrar uma cidade incrivelmente bonita e simpática, com imensa história para contar. E foi mesmo isso que encontrámos!

Começámos a visita à cidade por um local retratado num dos nossos filmes preferidos e que nos tocou particularmente: a Fábrica de Schindler

Continuámos a tarde com uma walking tour pelo centro histórico que nos permitiu conhecer os principais pontos de interesse e, mais uma vez, ter dicas sobre onde e o que comer. Para além disto, nesta walking tour ensinaram-nos também algumas palavras de polaco, adequadas a quem viaja, como, por exemplo, “Uma cerveja, por favor”. Curiosamente, a única frase em polaco que nos lembramos é “Następny przystanek”, uma frase que ouvimos várias vezes nos transportes públicos nestes dias que passamos na Polónia. Vamos lá ver quem adivinha o que significa, sem ir ao tradutor.

Em Varsóvia, prontos para apanhar o comboio para Cracóvia

9º dia: Cracóvia e Auschwitz-Birkenau

Visitámos o campo Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau, numa visita guiada de seis horas que foi um murro no estômago. Já o tínhamos visto retratado em inúmeros filmes e livros e por isso pensávamos ter uma ideia de como seria. Mas a realidade é bem mais aterradora. A dimensão dos campos. Estarmos no mesmo local onde há apenas 80 anos se viveram as maiores crueldades da história. Ouvir o guia descrever de forma detalhada o que é sabido que se passou em cada local. Ver os nomes e alguns dos pertences das milhares de pessoas que perderam a vida naquele local…

Uma experiência arrepiante e impossível de esquecer.

Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.

George Santayana
Frase no portão de Auschwitz
“O trabalho liberta”, escrito num portão do campo de concentração em Auschwitz

10º dia: Cracóvia e Wieliczka

As minas de sal de Wieliczka, perto de Cracóvia, não são muito conhecidas pelo público em geral. Mas nós incluímo-las no nosso roteiro e ainda bem porque adorámos! Existem três rotas possíveis: a tourist route, a miners’ route e a graduation tower. Nós fizemos as três!

A tourist route é, como o nome indica, a rota mais turística, aquela que mostra as imensas galerias subterrâneas, as esculturas no sal, a capela de Santa Cunegunda (maior catedral subterrânea do mundo), entre outras atrações. 

Melhor ainda que este percurso, para nós, foi a miners’ route, uma rota na qual nos tivemos que equipar como verdadeiros mineiros e, com uma guia e um grupo bem divertidos, seguimos caminho pelo interior de túneis em estado “cru”, que remontam ao século XIII. 

A Graduation Tower, ao contrário das duas rotas anteriores, não implica entrar na mina mas sim numa torre onde flui água e sal e onde estivemos alguns minutos a relaxar.

Voltados a Cracóvia e após um maravilhoso (e super barato) jantar de pierógis, fomos a um bar experimentar uma espécie de “rodízio” de vodcas, no Wódka Cafe Bar. A nossa preferida? Sem dúvida a de avelã!

“Rodízio” de vodcas no Wódka Cafe Bar
“Rodízio” de vodcas no Wódka Cafe Bar

11º dia: Cracóvia → Praga

Da Praça do Mercado ao Castelo de Wawel, da Caverna do Dragão à Praça dos Heróis do Gueto, do Bairro Judeu à Fábrica de Schindler. Tudo nesta cidade ou é encantadoramente bonito ou carrega uma história pesada mas que nos fascinou conhecer. Cracóvia foi uma das cidades que mais gostámos de visitar até hoje e da qual falamos sempre entusiasticamente.

Durante o dia visitamos os pontos que nos faltavam visitar, passeamos tranquilamente pela cidade e provámos a “pizza” polaca (Zapiekanka). À noite, apanhámos um mini-bus que nos levou até à estação de comboios de Ostrava, já na República Checa, onde entrámos num comboio noturno para Praga.

Queres uma dica? Se queres dormir bem nestas viagens noturnas, reserva um comboio noturno com camas ou, pelo menos, cadeiras reclináveis. Nós quisemos poupar e acabamos por não conseguir dormir nada a noite toda! (Sim, mesmo a Raquel que adormece em qualquer sítio teve dificuldade em dormir).

House under the Globe
“House under the Globe”, edifício construído no início do século XX

12º dia: Praga

A capital da República Checa é uma cidade milenar repleta de história. Saiu praticamente ilesa da devastação de duas grandes guerras (no que diz respeito aos edifícios) e por isso conserva um dos mais belos patrimónios culturais que já tivemos a oportunidade de contemplar.

Praga é atravessada pelo rio Vltava, que a divide em duas partes. Numa margem fica a Cidade Pequena (Malá Strana) e o Distrito do Castelo (Hradčany). Na outra margem fica a Cidade Velha (Staré Město) e a Cidade Nova (Nové Město).

Começamos a visita a Praga com uma walking tour, que nos levou a conhecer alguns dos principais pontos de interesse da cidade. De tarde, e cheios de sono devido à noite mal dormida do dia anterior, continuámos a visita por esta cidade que nos transporta para tempos medievais.

Rio Vltava, Praga
Rio Vltava, Praga

13º dia: Praga

Aproveitámos o segundo dia em Praga para explorar o distrito do castelo e alguns monumentos que nele se encontram. Apesar de espetaculares por fora, temos que admitir que a maioria, por dentro, não nos surpreendeu. Pela paisagem que temos do castelo, por isso sim, ficámos rendidos!

Em Praga existem vários pontos estratégicos para ter uma vista incrível sobre a cidade. Eis alguns dos nossos preferidos: o já referido Castelo, o Vyšehrad e a colina de Letná.

Quanto à comida, temos a destacar o Smažený sýr – queijo panado frito (oh god we’re in heaven!); Guláš – Goulash, prato tipicamente húngaro mas também muito servido na República Checa, acompanhado de knedlík (pão cozido a vapor); e claro, não podia faltar o Trdelník, que se vende em todas as ruas e que consiste num rolinho de massa assado, coberto de açúcar e canela. Podes ficar a conhecer mais sobre a gastronomia checa numa publicação dedicada que temos.

Torre do Sino da Igreja de St Nicholas
Torre do Sino da Igreja de St Nicholas

14º dia: Praga

Apesar de termos gostado muito da cidade, temos de confessar: ficou aquém das nossas expectativas. Estávamos em pleno agosto, ótimo tempo, e a cidade abundava de turistas (nós incluídos, evidentemente). A verdade é que, com tanta gente a circular no espaço relativamente pequeno onde se concentram as principais atrações turísticas, tornou-se muito complicado passear pela cidade.

Contudo, haveremos de dar outra oportunidade a Praga para nos deslumbrar. Talvez no Inverno, altura em que a cidade fica pintada de branco.

Se tens interesse em descobrir o que visitar em Praga, temos preparado para ti um roteiro de 3 dias na capital da República Checa.

Apesar de não termos ficado deslumbrados com Praga, o próximo destino, também na República Checa, foi uma das grandes surpresas deste Interrail e um lugar onde prometemos voltar.

Praga
Edifícios em Praga

15º dia: Praga → Český Krumlov

Partimos para Český Krumlov sem grandes expectativas. Apesar de pouco conhecida pelos turistas portugueses, a avaliar pelo autocarro que nos levou de Praga até essa pequena cidade no sul da República Checa, era destino já muito procurado pelos chineses. 

E, de cidade por nós desconhecida (mas que decidimos incluir no roteiro por curiosidade) passou a ser uma das nossas preferidas!

Construída nas margens do sinuoso rio Vltava, esta cidade já foi propriedade de três famílias nobres, sendo atualmente património mundial da UNESCO. Os seus pitorescos edifícios estão incrivelmente bem preservados (o que se deve, em parte, a ter escapado aos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra); há esplanadas sobre o rio em cada esquina e toda a cidade está decorada com coloridas flores. 

Um dia vamos voltar!

Český Krumlov
Český Krumlov

16º dia: Český Krumlov → Viena

De Český Krumlov partimos de autocarro para a próxima cidade que visitámos: Viena. 

Fomos deixar as mochilas ao alojamento e o que aconteceu? Mais uma história caricata! Quando estávamos no elevador a subir para o quarto, vimos que um dos andares do elevador não tinha o piso correspondente indicado mas tinha algo escrito em alemão, cujo significado desconhecíamos. Tivemos que ir ver o que era e encontramos o quê? Uma grande igreja (com altura de pelo menos dois andares) dentro do hostel! Com esta não estávamos a contar. Temos dois artigos dedicados a situações caricatas que nos foram acontecendo em viagem e podes encontrá-los aqui e aqui.

De tarde, começámos a visita pela capital austríaca. A nossa primeira impressão de Viena: uma cidade muito limpa, organizada e com imponentes monumentos. 

Palmenhaus Schönbrunn, Viena
Palmenhaus Schönbrunn, Viena

17º dia: Viena

Dedicámos a maior parte do dia à visita ao Palácio de Schönbrunn, Versalhes lá do sítio. 

O seu interior é imponente e a tipologia do imóvel deve ser V164 com 50 WCs. A visita, na qual passamos por grande parte dos compartimentos, foi demorada e, portanto, muito apreciada pela Raquel, uma fervorosa apreciadora de design de interiores barrocos (só que não). 

Descobrir os jardins do palácio revelou-se um dos pontos altos da nossa passagem por Viena: enormes, bem trabalhados, cheios de cor. Adornados com alguns monumentos e fontes de água. Não poderíamos pedir melhor enquanto desfrutávamos da nossa sandes com patê de sardinha (nada combinava melhor com o glamour do sítio).

Jardins do Palácio de Schönbrunn
Jardins do Palácio de Schönbrunn

18º dia: Viena

Em Viena vimos palácios gigantescos e jardins impecavelmente cuidados. Vimos vários monumentos muito bem conservados e zonas habitacionais em que dava vontade de viver. Vimos mercados de rua com simpáticos vendedores (onde quase almoçávamos sem pagar, tendo em conta a quantidade de comida que ofereciam aqui aos tugas) e a torre mais alta da Áustria (a Donauturm – torre do Danúbio). 

No entanto, sentimos falta de algo. Não nos sentimos acarinhados pela maioria dos austríacos com que nos cruzámos e achámos a cidade demasiado “austera” e pouco acolhedora. No fundo, sentimos que falta algo a Viena para a tornar uma cidade pela qual nos possamos apaixonar. Falta-lhe alma.

Mas calma, isto é só a nossa opinião. Se já sentiste o mesmo por alguma cidade, diz-nos qual foi na caixa de comentários, no final do artigo.

Donauturm, Viena
Donauturm, Viena

19º dia: Viena → Bratislava

De Viena seguimos pelo Danúbio até Bratislava. Foi uma bonita e tranquila viagem, que aconselhámos.

Quanto a Bratislava, é uma cidade pequena, conseguindo-se visitar os principais pontos de interesse em apenas um dia (que foi o que nós fizemos). Apesar disto e de não termos encontrado um monumento que nos tenha deslumbrado, gostámos bastante da cidade. 

O ponto alto: sem dúvida, a visita ao castelo ao pôr-do-sol, com a cidade velha e o Danúbio como pano de fundo.

Vista do castelo de Bratislava
Bratislava, vista do castelo

20º dia: Bratislava → Budapeste

De Bratislava seguimos de comboio para Budapeste. E, na primeira noite que passamos nesta cidade, dormimos no Danúbio. Parece romântico mas a experiência não foi boa… E fez com que pela primeira (e para já única) vez tivéssemos que mudar de alojamento a meio da viagem.

Quanto à capital da Hungria… Incrível! Uma cidade dividida pelo rio Danúbio em Buda e Peste, que facilmente apaixona todos os viajantes que por lá passam! Uma cidade jovem, moderna e enérgica! Cheia de história para contar e com monumentos e paisagens que nos deixaram boquiabertos. Uma (demorada) paragem obrigatória para quem está a fazer um interrail pela Europa central/de leste!

Parlamento húngaro
O parlamento húngaro, nas margens do Danúbio

21º dia: Budapeste

A união de duas cidades distintas deu origem a Budapeste. 

De um lado Buda, montanhosa, onde viviam as famílias nobres, de onde se obtém a mais bela vista sobre a cidade. Neste lado da cidade pode-se contemplar o Bastião dos Pescadores, a colorida igreja de Matias e o Castelo de Buda.

Do outro lado, Peste, plana e com a maior concentração populacional. O incrível e iluminado Parlamento Húngaro, situado na margem do Danúbio, destaca-se na paisagem. É nesta zona da cidade que se encontram também a Praça dos Heróis e a famosa Avenida Andrássy.

A Ponte das Correntes (ou na difícil de pronunciar língua húngara, híd Széchenyi Lánchíd), é uma das muitas pontes que liga as duas margens e, observada, do alto de Buda, podemos dizer que é qualquer coisa de fascinante! Neste enquadramento fantástico temos ainda a apontar as ilhas do Danúbio. Sendo que numa delas ocorre anualmente, desde 93 (excepto em 2020, claro), um dos maiores festivais de música da Europa, o Sziget Festival.

Matthias church, Budapeste
Matthias Church em Budapeste

22º dia: Budapeste

Não podíamos falar de Budapeste sem mencionar os mercados (mal arranjados) e os “ruin bars“. Foi por ser esta cidade despretensiosa e “livre” que nos apaixonámos por Budapeste!

E o que são “ruin bars“? É o que te deves estar a questionar. São bares que existem em edifícios abandonados, com bebidas a preços acessíveis (alguns, pelo menos) e que juntam muita malta, num ambiente boémio e descontraído. A sua história é bastante interessante. Surgiram no início do século XXI, no Distrito VII, antigo bairro Judeu, que ficou ao abandono depois da Segunda Guerra Mundial e ao qual estes bares deram uma nova vida.

De mercados já toda a gente sabe que somos fãs (se não sabes, andas muito desatento!). E os de Budapeste encantaram-nos! Pelo seu desarranjo, por serem fora do vulgar e por juntarem gente muito diferente que ali se une para comprar e vender os mais diversos artigos. 

Mercado em Budapeste
Mercado em Budapeste

23º dia: Budapeste

Uma das experiências que mais gostamos de ter em Budapeste foi a tarde que passámos nas Termas de Széchenyi, o maior complexo de banhos termais da Europa. Soube-nos pela vida poder desfrutar das piscinas de água quente e recuperar as pernas, que já estavam algo cansadas dos mais de vinte dias a carregar as mochilas e a caminhar vários quilómetros por dia. Temos imensa vontade de lá voltar no inverno, altura em que a experiência deve ser ainda mais incrível!

Perto desta estação de banhos termais e inserido num bonito parque verde da cidade encontra-se o Castelo Vajdahunyad. Este castelo, que é uma mistura de vários estilos arquitetónicos, foi um dos mais bonitos que já vimos!

E assim nos despedimos de Budapeste e partimos para outra cidade e outro país. 

Castelo Vajdahunyad, Budapeste
Castelo Vajdahunyad

24º dia: Budapeste → Ljubljana

E após quase 9h de viagem chegamos a Ljubljana!

A Eslovénia surpreendeu-nos logo pela quantidade de bicicletas na rua. Pela descontração com que as pessoas as deixavam na rua, sem cadeados (e ninguém tocava nelas!). Por ser uma cidade cheia de vida, com um centro histórico cortado ao trânsito e onde se pode passear tranquilamente. Pela quantidade de pessoas sentadas à beira rio, como se na praia estivessem. Pelas apelativas esplanadas onde nos sentamos ao sol, a contemplar a cidade. 

O nosso hostel também nos surpreendeu pela positiva! Ficamos num quarto no sótão, onde o Pedro não se podia pôr de pé sem bater com a cabeça no tecto (desculpem, não vamos escrever “teto”). O contraste da madeira escura com as paredes brancas e as janelas inclinadas do nosso quarto encantaram-nos. Mas o que mais nos encantou, na verdade, foi a simpatia da senhora que lá trabalhava e que nos preparou no último dia um pequeno-almoço amoroso ao estilo take-away para levarmos no autocarro no dia seguinte, de madrugada.

Centro histórico de Ljubljana
Centro histórico de Ljubljana

25º dia: Ljubljana

Cidade cuja lenda incluiu um dragão (como não haveríamos de gostar?) e onde é possível vê-lo numa das suas pontes. Cidade com uma encantadora ponte tripla e uma original “pink church“. Cidade onde, em pleno verão, é possível refrescarmo-nos com a sua “chuva mágica” (sim, chuva artificial no centro histórico, criada mesmo só para este efeito).

Do Castelo no alto da montanha, às margens do Ljubljanica, esta cidade foi mesmo agradável de conhecer e é mais uma onde não nos importávamos de ter uma casinha!

Igreja Franciscana da Anunciação, Ljubljana
Ponte tripla ou Tromostovje e a “Pink church” (Igreja Franciscana da Anunciação), em Ljubljana

26º dia: Ljubljana → Bled

Partimos de Ljubjana de madrugada rumo a uma das cidades com as melhores paisagens que já pusemos a vista em cima

Bled, uma pequena cidade eslovena situada no sopé dos Alpes Julianos, que circunscreve o seu maior destaque, o lindíssimo lago Bled.

A 4 km desta cidade fica o desfiladeiro de Vintgar Gorge, esculpido pelo rio Radovna, ao qual fomos desde Bled, de bicicleta. Gostamos de percorrer os seus passadiços mas já vimos melhor em Portugal (nomeadamente no Gerês).

Na cidade de Bled em si, demos a volta ao lago (lago Bled ou, em esloveno, Blejsko Jezero, tenta lá pronunciar!). Percorremos esse agradável percurso circular com pouco mais de 6 km e muitas foram as paragens para fotografias e para mergulhos nas suas águas frescas. Subimos também ao castelo, o mais antigo da Eslovénia, situado no alto de um penhasco e com uma fantástica vista sobre o lago, a sua ilha e as montanhas envolventes.

Claro está que não pudemos sair de Bled sem provar o típico bolo de creme (kremšnita)!

Curiosidade: na ilha do lago existe uma igreja escolhida por vários casais para se casarem. Conta a lenda que o noivo deve carregar a noiva escada acima (e olhem que não são poucas as escadas), com que intuito não sabemos. 

Caso tenhas gostado deste pequeno resumo sobre Bled, lê o nosso artigo para descobrires tudo o que visitámos, ao pormenor, nesta pequena cidade.

Lago Bled e Igreja da Assunção de Santa Maria
Lago Bled e Igreja da Assunção de Santa Maria

27º dia: Bled → Veneza

Partimos bem cedo de Bled com destino a Veneza. Era sábado de manhã e não havia grande oferta de transportes públicos para nos levar do alojamento até à estação de comboios de Bled. Falamos com o dono da nossa guesthouse que prontamente se ofereceu para nos levar de carro. Esta amabilidade e o facto de nem nos deixar pagar no início da estadia, tendo-se saído com um “relax and enjoy, pay later“, fez com que tivéssemos adorado a nossa estadia na Guesthouse Marco.

De Bled seguimos então de comboio até Nova Gorica, ainda na Eslovénia. Aí, tivemos que sair e atravessar a pé a fronteira, passando para a vizinha italiana Gorizia. Claro que não podíamos passar por lá sem tirar uma fotografia com um pé em cada país, literalmente!

Atualmente, vendo as imagens desta fronteira vedada devido à pandemia do Covid-19, damos real valor à simplicidade e naturalidade com que atravessámos esta fronteira e sentimo-nos uns sortudos (e muito gratos) por viver numa Europa em que (sem ser por uma excepcional pandemia) não somos impedidos de viajar livremente. 

Em Gorizia apanhamos outro comboio com destino a Veneza. Essa cidade pela qual tínhamos altas expectativas. Será que nos surpreendeu ou, pelo contrário, nos desiludiu?

Fronteira entre Eslovénia e Itália
A fronteira entre Eslovénia e Itália, atravessada a pé

28º dia: Veneza → Milão

Veneza foi uma desilusão para nós.

Sabem aquele local romântico retratado nos filmes, onde os casais passeiam de gôndola, com um violino como banda sonora? Não podíamos encontrar cenário mais diferente!

Em vez desse local romântico e calmo, encontrámos milhares de turistas que entupiam as estreitas ruas da cidade. Um trânsito de gôndolas que só nos deu vontade de não andar de gôndola. Vendedores que nos tentavam impingir de tudo (de rosas a outros negócios menos legais), entre outras situações que nos desiludiram. De facto, os efeitos do turismo em massa faziam-se sentir em Veneza!

No final do nosso dia, uma tempestade tropical cai do céu e Veneza, numa questão de minutos, fica vazia e bastante mais atrativa para nós.

Certo é que passamos muito pouco tempo nesta cidade (apenas cerca de 24 horas), o que não deu para explorar muito. Ficou, por este motivo, a promessa de lá voltar, em época baixa, a ver se damos a Veneza uma segunda oportunidade de nos deslumbrar.

Depois de Veneza seguimos de comboio para a capital da moda Italiana, Milão. 

Gôndola em Veneza
Gôndola em Veneza

29º dia: Milão → Genebra

A catedral de Milão é um edifício imponente e uma das mais belas catedrais góticas que já vimos. Entrar na praça e ver a gigantesca catedral sem dúvida que deixa qualquer um boquiaberto.

A Galleria Vittorio Emanuel, projetada para ser um corredor entre a Praça Duomo e Praça Scala, para que os burgueses da altura pudessem passear antes ou depois da ópera, é também majestosa.

No entanto, tirando estes dois belíssimos monumentos, a capital da moda italiana não nos surpreendeu particularmente nem nos deu grande vontade de lá voltar.

Catedral de Milão
Catedral de Milão

30º dia: Genebra → Porto

Terminámos esta viagem em Genebra, na Suíça. No pouco tempo que tivemos para explorar a cidade, sentimos que é uma cidade muito agradável de se percorrer, com o grande lago e as montanhas ao fundo. Pareceu-nos ser uma excelente cidade para se viver e deu para perceber o porquê da tão aclamada qualidade de vida dos suíços. Há um grande senão, o preço de tudo… É de fugir!

Lago Léman, Genebra
Lago Léman, em Genebra

Pensamentos finais sobre o nosso Interrail pela Europa

No final deste Interrail pela Europa ficámos com um sentimento agridoce. Por um lado, tristes por esta aventura ter chegado ao fim. Por outro, felizes pela viagem que fizemos. Uma viagem que era muito ansiada, na qual investimos muito tempo em planeamento (principalmente porque foi a nossa primeira viagem, sendo ainda muito jovens) e que (apesar de ser um clichê dizer isto) superou todas as nossas expectativas.

Foi com esta viagem que nos tornámos uns eternos curiosos pelo mundo. Juntamente com esta curiosidade surgiu também o gosto pela partilha das nossas histórias e, mais tarde, o blog.

Visitámos lugares fenomenais, provámos comidas típicas muito diferentes do que já tínhamos experimentado, absorvemos pedaços de várias culturas, expandimos horizontes e tornámo-nos mais resilientes, confiantes e tolerantes.

Nem tudo correu bem nem foi tudo bem planeado. Olhando para trás, percebemos que demos maior importância a visitar muitos sítios do que a aproveitar ao máximo cada um deles. Foi, no entanto, parte do nosso processo de aprendizagem e hoje sabemos que preferimos viajar “mais devagar” e aproveitar o que cada local tem para nos dar.

A nível financeiro, foi também uma experiência interessante. Sem nunca termos tido, até então, a necessidade de gerir gastos, foi importante para o nosso crescimento gerir o orçamento da viagem (que era relativamente apertado, 1500€ por pessoa para a viagem toda) e decidir entre gastar o dinheiro na coisa A ou B.

Embarcar numa aventura como um Interrail, seja este roteiro ou outro qualquer pela Europa ou por outro continente, é definitivamente algo que recomendamos, especialmente a um jovem. Atualmente, provavelmente não repetíamos a viagem nos mesmos moldes. No entanto, por tudo o que já dissemos, consideramos que esta viagem foi muito mais que um momento de lazer, foi um investimento no nosso crescimento pessoal (e que já se pagou!).

Se tiveres interesse em explorar diferentes roteiros de Interrail, em função da geografia, orçamento e duração, aconselhamos a visita ao site oficial dos pass Interrail.

Vista do Castelo de Buda, Budapeste
Budapeste, fotografada a partir do Castelo de Buda

Quando conseguirmos, iremos também partilhar artigos abordando outros assuntos relacionados com o Interrail. Se queres ver um artigo sobre um assunto específico, por exemplo, como planear um Interrail ou como comprar as viagens de comboio, comenta na caixa de comentários em baixo.

Esperamos que tenhas gostado de viajar connosco por esta Europa fora!

Um dia vemo-nos por aí!

R&P

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