São Jorge, Açores: 2 dias na ilha

Natureza.

Tranquilidade.

Vontade de voltar.

Estas são as coisas que nos passam pela cabeça quando pensamos em São Jorge.

Mas porque raio foram a São Jorge?

Esta é a pergunta que nos fazem quando contamos que São Jorge fez parte do nosso roteiro pelos Açores. E a surpresa é maior ainda quando dizemos que é… incrível!

Aviso: percebemos perfeitamente a essência da pergunta. Praticamente nunca vimos São Jorge ser falado ou vendido como destino turístico e a verdade é que a ilha não está preparada para receber muitos turistas. E se estás à procura de um destino com imensas atrações e comodidades vais, muito provavelmente, ficar defraudado.

No entanto, para nós, amantes de caminhadas na natureza e de paisagens deslumbrantes, este pedaço de terra com 54 km de comprimento e 7 km de largura no grupo central do Arquipélago dos Açores é um verdadeiro oásis.

 

As particularidades da ilha de São Jorge

Desengana-te se estás a pensar que não há muito para explorar em São Jorge.

Na nossa opinião, a ilha é uma caixa de surpresas e o nosso primeiro destaque vai para o facto da ilha ser atravessada por uma cordilheira montanhosa, o que faz com que a vista aérea sobre a ilha seja arrebatadora.

Para melhorar, no seu ponto mais alto, que é o Pico da Esperança, e se as condições meteorológicas ajudarem, conseguimos ver algo único: as restantes quatro ilhas do grupo central – Faial, o Pico, a Terceira e a Graciosa. Nós conseguimos!

Uma outra particularidade da ilha são as fajãs. Se te estás a questionar o que são fajãs, vamos poupar-te uma ida à wikipédia: são terrenos planos, geralmente à beira-mar, que se formaram a partir de materiais desprendidos das arribas ou por deltas lávicos (resultantes da penetração de escoadas de lava no mar).

Ora, em boa verdade, as fajãs não são exclusivas de São Jorge. Contudo, são o cartão de visita da ilha, quer pela beleza que apresentam quer por existirem em grande número. São quase todas habitadas e os acessos são relativamente íngremes (prepara-te para carregar fortemente no pedal do travão!).

Em São Jorge encontramos também particularidades no campo alimentar: a existência de amêijoas na Caldeira de Santo Cristo e uma plantação de café, a única na Europa, na Fajã dos Vimes.

Conseguimos captar a tua atenção? Então descobre tudo sobre a nossa fantástica passagem por São Jorge: o roteiro, as opiniões e as dicas. Vamos a isso!

 

Roteiro de 2 dias em São Jorge

Estivemos em São Jorge em abril de 2017, durante uma viagem de doze dias que nos levou a quatro das nove ilhas dos Açores: São Miguel, Faial, São Jorge e Terceira. Se tiverem curiosidade sobre São Miguel (e deveriam ter: a ilha brota beleza por todo o lado!), podem ver as nossas melhores fotos e dicas aqui.

Destas quatro fantásticas ilhas, duas em particular ganharam um lugar especial no nosso coração: a ilha de São Miguel, pelo paraíso natural que é, e a ilha de São Jorge, por ser tão remota, tão tranquila e tão diferente de tudo o que visitamos até hoje.

 

Dia 1

Fajã dos Cubres

Partimos da Calheta, na zona sul da ilha (e onde ficamos alojados), em direção a norte. E isso significa atravessar a cordilheira montanhosa que atravessa a ilha. De facto, prepara-te para subir e descer bastante, já que a estrada que liga as várias aldeias da ilha, que normalmente estão a um nível próximo do mar, está a um nível bem superior.

Lá do alto, quando avistamos a Fajã dos Cubres, o encantamento foi imediato. Que paisagem fantástica! Não resistimos a parar e tirar umas fotografias e quase fomos levados pelo vento. Nós e o Smart fortwo que conduzíamos (e que acabou por se portar lindamente durante tua a viagem).

O nosso objetivo de visitar a Fajã dos Cubres e fazer a pé o trilho que une esta Fajã à da Caldeira de Santo Cristo chegou a estar em causa devido a esses ventos fortes que se faziam sentir. Contudo, qual não é o nosso espanto quando chegamos lá em baixo, a aproximadamente zero metros de altitude, e parecia que tínhamos viajado para outra ilha: não se sentia vento; o mar, embora agitado, não galgava a terra; e a tranquilidade que se fazia sentir era ímpar.

A fajã é composta por uma dezena de casas, uma igreja e uma lagoa e a visão da enorme montanha por detrás desta pequena aldeia é assoberbante.

 

Fajã da Caldeira de Santo Cristo

Seguimos o trilho que liga a Fajã dos Cubres à da Caldeira de Santo Cristo. Este trilho, de aproximadamente 4 km (para cada lado) é muito fácil de ser feito. Segue sempre junto ao mar e passa por zonas incrivelmente fotogénicas, muitas destas adornadas por vaquinhas a pastar em cada pedaço de terreno plano à beira do precipício.

O acesso terrestre a esta fajã faz-se apenas por este trilho, que não é percorrível de carro. No entanto, e como a fajã fica aproximadamente no ponto médio do trilho, é possível também iniciar o percurso na Serra do Topo. Atendendo a vários relatos, esta parte do trilho até é mais bonita do que a que nós percorremos, contudo é mais acidentada. Nós optamos pelo trilho que une a Fajã dos Cubres à da Caldeira de Santo Cristo apenas por uma questão de otimização do nosso plano.

Se a caminhada for demasiado grande para ti, considera as opções bicicleta ou mota. No entanto, a caminhada valeu totalmente a pena: não nos cansamos de contemplar aquela paisagem!

Na nossa opinião, a Fajã da Caldeira de Santo Cristo é um lugar único no mundo e é o lugar imprescindível a visitar em São Jorge. Tudo o que conseguirmos pôr em palavras não vai conseguir descrever o que sentimos ao perdermo-nos pelas (poucas) ruelas desta pequena aldeia. Casinhas bem preservadas, com portas de madeira de várias cores; os terrenos delimitados por pequenos muros de pedra, sem portões; a lagoa, serena e misteriosa; o mar, com o som das ondas a bater fortemente nas rochas; a montanha, por detrás deste maravilhoso enquadramento, gigante, verde-escura, imponente.

Para além de todos estes elementos visuais, a fajã é considerada um paraíso para os amantes do surf e do bodyboard porque tem ondas únicas na Europa. Outro dos seus segredos são as misteriosas amêijoas que se reproduzem na lagoa e que ninguém sabe ao certo como surgiram. Podem provar estas amêijoas únicas no Café Borges, situado na fajã.

 

Fajã dos Vimes

Fomos à Fajã dos Vimes com a intenção de provar o tão famoso café do Café Nunes e de ver a plantação. O que tem de tão especial este café? É proveniente da única plantação de café existente na Europa. As plantas vieram do Brasil no século XIX e, quem diria, deram-se bem no microclima desta fajã.

Na fajã, composta por apenas algumas casas, rapidamente encontramos o Café Nunes. Bebemos café, visitamos a plantação e os teares onde a esposa do Sr. Nunes faz belíssimos tapetes e saquinhos para o café e estivemos uma hora à conversa com ambos. Falamos do café, da vida na fajã, dos Açores, do continente… E que boa conversa foi.

 

Calheta

A Calheta é uma pequena vila de São Jorge. Nela podem visitar a Igreja de Santa Catarina e o Museu Francisco Lacerda. Para nós, foi também o local de uma das mais bonitas imagens com que ficamos desta viagem: assistir ao pôr-do-sol, com o céu pintado em tiras de azul e laranja, e com a montanha do Pico no horizonte.

 

Dia 2

Fajã das Almas

A Fajã das Almas é uma pequena localidade no fundo de uma escarpa, de difícil acesso. Existe um restaurante onde é possível comer lapas.

 

Pico da Esperança

O Pico da Esperança é o ponto mais alto de São Jorge, a 1.053 metros de altitude. Do cimo deste cone vulcânico é possível ver muitas das fajãs da ilha de São Jorge e as restantes quatro ilhas do grupo central. Lá de cima, temos a sensação de estarmos no topo do mundo e de o ter só para nós!

 

Manadas

Em Manadas podem visitar a Igreja de Santa Bárbara. Construída em 1770, junto ao mar, esta pequena igreja por fora é sóbria, por dentro imponente.

 

Urzelina

Na freguesia da Urzelina existe um outro mistério. A Igreja da Urzelina, bem como grande parte da freguesia, foi completamente destruída pelo vulcão (homónimo) em 1808, ficando, no entanto, a sua torre intacta. Como isto foi possível não sabemos bem mas é extraordinário ver a torre intacta e adjacente a esta uma parede perfeitamente “recortada” pela lava do vulcão. A torre está situada em propriedade privada mas podes entrar e seguir o caminho até à torre.

 

Fajã do Ouvidor

Nesta fajã, e principalmente em época de verão, o essencial a visitar é a Poça Simão Dias, uma piscina natural que aparenta ser fantástica e super fotogénica. Infelizmente, a altura do ano em que estivemos na ilha não era a mais apropriada e o cenário não era nada idêntico ao que se vislumbra no verão (lá teremos que ir a São Jorge no verão para comprovar!). Na freguesia onde está situada esta fajã, no Norte Grande, podem ainda visitar a Igreja de Nossa Senhora das Neves.

 

Velas

Velas é a vila mais desenvolvida da ilha e é o local de desembarque para quem chega à ilha via barco. Aqui é possível visitar o Coreto do Jardim da República, um dos mais bonitos que já vimos; percorrer a bonita rua pedonal Francisco Lacerda; visitar a Igreja de São Jorge; ver o Portão do Mar, a porta de entrada do séc. XVIII e nadar nas piscinas naturais de Preguiça.

 

Se tiverem mais tempo, visitem também

Topo

Na ponta oriental da ilha podem mergulhar nas piscinas naturais, com vista para o ilhéu do Topo. Aqui se inicia o trilho que une a serra do Topo à Fajã dos Cubres, passando pela indescritível Fajã da Caldeira de Santo Cristo.

Rosais

Na Ponta dos Rosais, no extremo Oeste da ilha, podem visitar o farol aterrador, um farol abandonado após o terramoto de 1980, tendo sempre cuidado por onde andam pois existem buracos profundos no solo. Nesta zona podem visitar também o Parque Florestal das Sete Fontes.

 

As nossas dicas

– Provem as espécies, o doce tradicional da ilha, que deve o nome às especiarias que o compõem (canela, noz-moscada, pimenta da Jamaica e erva-doce).

– Em São Jorge existem apenas duas pequenas vilas: Velas, a maior e a Calheta. Nós escolhemos ficar alojados nesta última. Contudo, se lá voltarmos vamos provavelmente optar por ficar em Velas porque é bastante mais desenvolvida e tem maior oferta de restaurantes, o que dá muito jeito ao jantar (as estradas de São Jorge não são as mais seguras para andar de carro durante a noite).

– Se em São Miguel tínhamos que reservar restaurante para jantar porque os turistas eram muitos, em São Jorge existe a necessidade de reservar restaurante para jantar para ele abrir visto que por norma só estão abertos à hora de almoço, pelo menos na Calheta. E, sem termos sido informados disto, após percorremos todos os restaurantes existentes na Calheta e arredores e termos batido com o nariz na porta em todos, tivemos que ir comer a um snack-bar no porto da Calheta ou passaríamos a noite sem comer nada (o único supermercado daquela zona da ilha já tinha fechado e nós não tínhamos mantimentos nenhuns). Um restaurante que queríamos ter experimentado, por termos ouvido falar bem, é o Fornos de Lava.

 

As outras ilhas dos Açores

Esta publicação faz parte de uma colaboração entre vários blogues do grupo Travelbloggerspt, com o objetivo de dar a conhecer as ilhas do Arquipélago dos Açores. Os Açores são, na nossa opinião, uma pérola pouco explorada pelos portugueses e que merece todo o destaque do mundo!

Dá uma olhada nestes artigos e vais ver que o teu próximo destino de férias ficará decidido!

 

Um dia vemo-nos por aí!

R&P


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4 thoughts on “São Jorge, Açores: 2 dias na ilha

  1. Realmente quando se fala de São Jorge provavelmente só nos lembramos do enorme e famoso queijo que está à altura das delicias desta ilha ainda perdida no Atlantico.

  2. Sim, quando me falavam em São Jorge, só me lembrava de queijo… agora consigo ver muito mais do que uma ilha com um queijo espetacular… em qualquer dos casos se ja tinha intençoes de ai ir, agora tenho mais. 🙂

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