6ª etapa do Caminho Português de Santiago (central)

A 6ª etapa do Caminho Português de Santiago foi um verdadeiro desafio físico e mental para ambos. Um sol abrasador e uma pausa para almoço na cidade onde a maior parte das pessoas que partem de Valença ou Tui termina a etapa puseram-nos à prova.

Do Porto a Santiago de Compostela pelo Caminho Central Português – a nossa jornada


6ª Etapa do Caminho Português de Santiago:
Tui → Redondela (37km)

Esta etapa que te apresentamos é comumente iniciada em Valença ou Tui. Pode ser realizada na íntegra (como nós aqui apresentamos) ou, como é mais comum, dividida em 2 etapas: Valença/Tui → O Porriño → Redondela. Deves ter em atenção que se optares por terminar a etapa em Redondela podes já não conseguir lugar no albergue porque os peregrinos que partirem de O Porriño chegarão antes de ti. Podes encontrar mais informações sobre as habituais etapas do Caminho de Santiago aqui.

Podemos já adiantar que caminhar os 37 km que vão de Tui a Redondela não foi pêra doce! No entanto, curiosamente, estes quilómetros foram menos custosos que os 35 km que fizemos de Barcelos a Ponte de Lima. Não conseguimos perceber bem se foi pelas características do terreno, se pelo facto do dia estar mais fresco ou até se foi uma conjugação de vários fatores.

Sem mais demoras, vamos então à história deste dia.


Tui: a partida

Madrugamos porque a caminhada iria ser longa. Depois de um bom pequeno-almoço seguimos pela cidade de Tui que, com os primeiros raios de sol do dia, estava ainda mais bonita! O seu centro histórico pedonal, marcado pelas setas amarelas, levou-nos por simpáticas ruas e escadarias, atravessando o túnel do convento das Clarissas, até à saída da cidade.

E foi ainda nesta cidade que fomos encontrando alguns peregrinos que partiram de Valença (e que portanto madrugaram bem mais que nós). Encontrámos o peregrino inglês que tinha ficado alojado em Rubiães connosco e que nos acompanhou grande parte do percurso. Trocamos palavras com uns peregrinos de África do Sul que tinham começado o Caminho em Lisboa e que nos disseram que éramos uns sortudos por morar num país tão maravilhoso! E finalmente, fomo-nos cruzando com alguns peregrinos portugueses com quem fomos falando alegremente (é que apesar de estarmos quase na fronteira e de termos caminhado 5 dias em Portugal, ver um peregrino português antes desta etapa foi uma raridade)!

Saindo da cidade, o caminho levou-nos pelos bosques até entrarmos no Vale do Louro, junto ao rio e uma das zonas mais emblemáticas do Caminho. Atravessamos a Ponte de San Telmo (ou Ponte das Febres) e, mais à frente, à entrada de Orbenlle encontramos o ponto onde o Caminho bifurca.

Atenção que aqui vamos revelar uma das dicas mais importantes que lemos antes de realizar o Caminho e ainda bem! (Podes saber mais sobre esta e outras dicas no nosso artigo de Perguntas e Respostas).

Em Espanha, existem alguns pontos onde o caminho bifurca. Normalmente, os caminhos alternativos estão sinalizadas como “C. Complementario” e o caminho “original” está sinalizado como habitualmente, com uma seta com a indicação do número de quilómetros até Santiago por baixo.

Nessa bifurcação, podes optar por seguir pelo caminho complementar ou pelo Polígono Industrial As Gándaras. Nós optamos pelo complementar e, apesar de provavelmente termos caminhado mais (não sabemos precisar quanto mas terá rondado  1 a 2 km), não nos arrependemos nada! Seguimos quase sempre por zonas florestais, frescas e tranquilas, enquanto que quem atravessou a zona industrial falou-nos de uns “intermináveis” 6 km sempre em estrada, com carros a passar e com uma paisagem nada apelativa (dizendo-nos mesmo que foram os piores quilómetros do Caminho).

Finda esta parte do percurso, chegamos a O Porriño.


O Porriño

Esfomeados que estávamos, mal chegamos, procurámos uma esplanada para podermos comer umas tapas, hidratármo-nos com umas Estrella Galicia e descansármos as pernas!

Ao almoço, conversamos com as americanas da mesa ao lado (que pediram comida para um regimento) e que simpaticamente nos ofereceram umas croquetas. Mais uma vez (para quem leu os últimos artigos), qual a probabilidade disto acontecer sem ser no Caminho de Santiago? E é esta uma das belezas do Caminho!

A maior parte dos peregrinos com quem falámos iam passar a noite em O Porriño. O almoço marcava, portanto, o início do descanso para o próximo dia. Para nós, marcava sensivelmente metade da etapa. Já um pouco cansados, este pensamento desanimou-nos um bocado. Respirámos fundo, esperámos que a energia do almoço começasse a fluir e seguimos viagem. O destino? Redondela. Faltavam 16 km mas a tarde já quase ia a meio.

O Caminho, partindo de O Porriño, faz-se por uma estrada nacional bastante movimentada, passando pela Capela de As Angustias. De seguida, as setas desviam-se da nacional, passando por Amieiro Longo e seguindo em direção à Igreja de Santa Eulália de Mos. Depois de uma longa e cansativa subida, seguimos pelo agradável pinhal de Chan de Pipas, com vista para a ria de Vigo, para nós uma das melhores paisagens do caminho! De seguida, descemos muito (atenção: descida íngreme) até Redondela, destino final deste longo dia.


Redondela: a chegada

Chegamos a Redondela muito cansados. Portanto, não visitamos verdadeiramente a cidade, só “passamos por ela”. Destacamos os dois grandes viadutos ferroviários que a atravessam e que marcam a paisagem da cidade.

O alojamento que escolhemos para este dia foi O Descansiño Santa Mariña, muito simples mas que nos serviu perfeitamente para o banho, as refeições e a boa noite de sono que precisávamos.


Sabe mais sobre os restantes dias do Caminho aqui: 1ª etapa, 2ª etapa, 3ª etapa, 4ª etapa, 5ª etapa.

Tens questões sobre os Caminhos de Santiago? Este artigo pode ajudar-te.

Queres saber mais sobre os Caminhos de Santiago? Vê este artigo.


Um dia vemo-nos por aí!

R&P


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4 thoughts on “6ª etapa do Caminho Português de Santiago (central)

  1. Fiz o caminho português em 2012, foi o meu primeiro caminho. começamos em Braga e, nesta etapa, fizemos Valença a Redondela. Passamos o polígono industrial e posso confirmar que são km intermináveis. Apelidámos O Porrino d’ “o lugar feliz dos 40” (km) No meu grupo seguia uma amiga com os pés cravejados de bolhas e que se deslocava lentamente. Apesar de termos saído de Valença antes das 6h da manhã, chegámos a Redondela depois das 19h.

    No entanto, para lá do cansaço e da dor física que esta etapa me trouxe, guardo com saudade os momentos de companheirismo e superação que vivi.

    Obrigada por me fazerem recordar estas memórias que me são tão queridas.

    Bom caminho!

    Bom

    1. Muito obrigado nós pelo seu comentário.
      Nós também temos um sentimento parecido, apesar de ter custado fisicamente, temos imensas saudades do Caminho e recordamos todas as etapas de forma especial.
      Bom caminho!

  2. Fiz a etapa Valença a O Porriño em 10 de outubro de 2018. Foi muito especial caminhar por trechos da Via Romana XIX e cruzar duas pontes romanas sobre o rio Louro. Também não visitei o Porriño pois estava com bolhas em ambos os pés, mas me senti gratificada por caminhar os últimos 3 quilômetros pelo belo Passeio dos Louros.
    Gostei muito de sua descrição do trajeto.
    Agora em 2020 estou revivendo o Caminho Português Central com a publicação de videos em meu canal no YouTube “viver, viajar e registrar”. Convido-os a caminharem comigo. Bom Caminho!

    1. Muito obrigado pelo seu comentário, é muito importante para nós saber que gostou de ler 😀
      Buen Camino 🙂

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