A 3ª etapa foi longa, ao contrário desta 4ª etapa do Caminho Português de Santiago. A primeira abaixo dos 20 km, mas que deu bem para aquecer os gémeos. Vamos a ela:
Do Porto a Santiago de Compostela pelo Caminho Central Português – a nossa jornada
4ª Etapa do Caminho Português de Santiago:
Ponte de Lima → Rubiães (19 km)
Ponte de Lima: a partida
Saímos do centro histórico de Ponte de Lima e atravessamos a sua ponte. Demorámo-nos nesta parte do caminho. Sabes? É que Ponte de Lima é mesmo bonita! Já a visitamos algumas vezes e deixa-nos sempre de queixo caído.
Durante os primeiros 4 km o percurso é relativamente plano e muito agradável. Passamos por um estreito caminho, ladeado por um ribeiro e por entre os campos e foram às dezenas os ciclistas portugueses que passaram por nós (era fim-de-semana prolongado e muitos portugueses aproveitaram para fazer o Caminho de bicicleta). E, pela primeira vez, as palavras “Bom dia” e “Bom caminho” tornaram-se mais frequentes que os equivalentes espanhóis ou ingleses, apesar de todo o percurso que tínhamos feito ter-se passado inteiramente em Portugal.
Serra da Labruja
E depois de uns quilómetros em plano, começa gradualmente a subida. Vamos passando por zonas rurais até alcançarmos a Serra da Labruja, uma zona florestal e praticamente sem qualquer estrutura de apoio. Por esse motivo, talvez seja boa ideia levares lanche e almoço contigo. Nesta serra, a subida deixa de ser gradual e torna-se bastante exigente. Em certas zonas não existe propriamente “caminho” mas pedregulhos para subir. E, pela primeira vez, o Caminho torna-se bastante mais fácil para quem vai a pé do que para quem vai de bicicleta, que tem que a carregar às costas.
Em plena subida vais encontrar a Cruz dos Franceses, que marca a resistência da população portuguesa às invasões francesas. Depois desse marco, respira fundo que ainda tens algum caminho para subir mas em breve chegarás ao cume. Foi antes da chegada a esta Cruz que o Pedro ajudou a carregar a bicicleta e bagagem de um peregrino alemão que só aceitou a ajuda depois de muitas ofertas. Dizia ele que morava nos Alpes e estava habituado a subidas. Habituado ou não, subir esta serra com aquele peso não é nada fácil. Apesar disto, ficamos espantados com a capacidade física deste senhor que aparentava ter os seus 60/70 anos.
Há mesmo quem lhe chame a “etapa rainha” devido a esta subida e pela dificuldade técnica. De facto, a subida é muito acentuada e faz o coração acelerar mas, para nós, esta foi uma das melhores etapas. É curta e agradável: quase sempre pelo meio do monte ou por zonas rurais. E, uma vez chegados ao cume, até Rubiães todos os santos ajudam, é sempre a descer.
Rubiães: a chegada
Por ser uma etapa com poucos quilómetros (tem menos 16km que a etapa do dia anterior), chegamos a Rubiães ao início da tarde, o que foi excelente para descansar.
Alojámo-nos no Ninho, uma casa na aldeia, transformada num aconchegante albergue de peregrinos. Fomos muito bem recebidos pela Marlene e pelos seus dois cães e aproveitamos a tarde de sol no jardim da casa, onde fomos conversando com quem lá estava. Falamos com um inglês, já experiente no Caminho, que se reformou aos cinquenta anos para viajar pelo mundo. E cuja ideia de fazer o Caminho de Santiago surgiu como “desculpa” para revisitar o Norte de Portugal. Falamos com uma animada peregrina alemã e com uma americana que sabia falar português! Falamos também com um americano, que era pastor evangélico e que tinha vindo sozinho fazer o Caminho, como oportunidade de introspecção, e cuja família encontrar-se-ia com ele uma semana depois para viajarem pela Europa.
Já fizeram o Caminho de Santiago e também têm histórias para contar? Partilhem na caixa de comentários!
Gostaste deste artigo e queres ler sobre os restantes desta jornada? Passa também pelos artigos da 1ª etapa, da 2ª etapa e da 3ª etapa.
Tens muitas perguntas não respondidas sobre os Caminhos de Santiago? Este artigo pode ajudar-te.
Queres saber que Caminhos existem? Fizemos um pequeno resumo aqui.
Um dia vemo-nos por aí!
R&P
Olá Raquel e Pedro,
desde 2020 a etapa passando pela Serra da Labruja tem um excelente B&B, com as melhores vistas, conforto para repor as energias depois de uma longa jornada, e o melhor de tudo, puramente vegetariano com opções para veganos.
Vale a dica 😉
Bom caminho!
MUito obrigada pela dica e pelo comentário.
Bom caminho 🙂
Beijinhos