Após a 9ª etapa nos ter levado até Pontecesures, seguiu-se a derradeira etapa! O cansaço acumulado no corpo era significativo. No entanto, ao longo desta 10ª etapa do Caminho Português de Santiago mantivemo-nos envoltos numa onda de força e energia, pelo que chegamos ao destino felizes e até com vontade de continuar caminho (um dia seguimos até Finisterra).
Vem viajar connosco pelas memórias deste emocionante dia!
Do Porto a Santiago de Compostela pelo Caminho Central Português – a nossa jornada
10ª Etapa do Caminho Português de Santiago:
Pontecesures → Santiago de Compostela (26 km)
A partida: Pontecesures
Acordámos com um misto de sentimentos. Por um lado, queríamos muito chegar à Praça do Obradoiro, por outro lado não queríamos que o Caminho acabasse. Spoiler alert: mesmo alcançando Santiago, o Caminho não acabou para nós. Perceberás porquê ao longo deste artigo.
Começamos o dia atravessando a ponte romana que liga a província de Pontevedra à da Corunha e que passa pelo rio Ulla. Seguimos tranquilamente por uma zona rural ainda adormecida, com o rio Sar do nosso lado esquerdo, até entrar em Padrón.
Padrón
Entramos na terra que partilha o nome com os seus pimentos por uma bonita alameda “Passeo do Espolón”, que vai dar à Igreja de Santiago de Padrón. À esquerda fica a ponte sobre o rio Sar e mais em cima a bonita igreja do Convento do Carmo. Mas nós seguimos pela direita, para tomar o pequeno-almoço num emblemático lugar do Caminho, de que já tínhamos ouvido falar. Contaremos qual é mais tarde.
Após sair de Padrón, voltamos novamente à N550, atravessando várias aldeias até chegarmos ao Santuário de Nossa Senhora da Escravitude. Entrámos para conhecer esta pequena e bonita igreja, carimbamos a nossa credencial e seguimos caminho.
Daqui, seguimos por várias estradas, onde se concentravam vários peregrinos, até chegarmos à zona de O Faramello, onde se encontra o albergue de Teo. Se o Caminho até este ponto foi relativamente suave, a partir daqui as subidas exigem força. Mas não é para desanimar porque atravessámos uma das partes mais bonitas da 10ª etapa do Caminho Português de Santiago. Em Rua de Francos, seguimos pela calçada romana, atravessando um misterioso bosque, chegando à ponte sobre o rio Tinto.
Pormenor de janela no Caminho Marco no Caminho, Santiago a menos de 10 km
Aproximando-nos da zona de O Milladoiro, Santiago estava perto. Foi possível ver a cidade ao longe com a sua magnífica catedral. A partir deste ponto, seguiu-se uma acentuada descida até Rocha Vella.
Atravessamos novamente o rio Sar e, um pouco mais à frente, fomos confrontados com uma bifurcação do Caminho. Confessamos que não nos tínhamos informado sobre qual a melhor rota a tomar aqui. À sorte, tomamos o caminho da esquerda. Não te conseguimos esclarecer qual a melhor opção a seguir nesta bifurcação.
A chegada: Santiago de Compostela
Ao entrar na zona urbana de Santiago e já avistando ao longe a Catedral, por entre os prédios da cidade, perdemos as setas! Ou seja, acabamos o Caminho como começamos, sem saber das setas e a seguir a nossa intuição. De facto, neste ponto da jornada, é muito fácil seguir intuitivamente até à Catedral.
Na avenida Juan Carlos I, encontrámos o parque la Alameda (que vale a pena aproveitar para uma pausa, nem que seja apenas fotográfica) e seguimos até à entrada tradicional do Caminho Português na cidade de Santiago de Compostela, a Porta Faxeira.
Continuamos pela rua do Franco, com a sua animação característica. Cheia de lojas e restaurantes, onde os peregrinos se misturam com pessoas de copo na mão à porta dos bares. E aqui perto, paramos para almoçar. Sim, estávamos a escassos metros da Catedral mas a nossa fome falou mais alto (ai que peregrinos estes…).
Depois do almoço, seguimos pela mesma agitada rua até à Praça do Obradoiro e aí sim, o tão esperado encontro com a Catedral de Santiago. O culminar de uma viagem de 10 dias e de muitos quilómetros nas pernas. Um misto de felicidade pela realização de um sonho já antigo (o de percorrer os Caminhos de Santiago) e de nostalgia por este ter acabado. Mas sabes? Tal como dissemos no início deste artigo, o Caminho não acabou para nós. O Caminho continua em cada dia da nossa vida. E, num sentido menos metafórico, a vontade de percorrer mais Caminhos de Santiago permanece em nós.
Nesta Praça, em frente à Catedral, ficamos sentados, com as mochilas ao lado, muito tempo da tarde. A contemplar o ambiente. Os peregrinos a chegarem. Uns a pé, outros de bicicleta. Uns muito bem fisicamente, outros visivelmente desgastados. Mas todos unidos pelo mesmo sentimento. Foram momentos memoráveis!
Fotos à chegada à Catedral de Santiago
O fim do Caminho
Durante a tarde, aproveitámos ainda para nos dirigirmos à Oficina do Peregrino para carimbarmos pela última vez a Credencial e para obtermos a Compostela (não sabes do que estamos a falar? Vê este artigo). E, claro, não podíamos deixar de entrar na Catedral de Santiago de Compostela que, após muitos anos com a fachada tapada por andaimes, não estava em obras por fora, mas estava por dentro. Por esse motivo, só pudemos cumprir dois dos “ritos do peregrino”. Fomos atrás do Altar-mor e abraçamos o Apóstolo Santiago e descemos à cripta onde está a tumba de Santiago. Não conseguimos pôr a mão na famosa coluna do Pórtico da Glória nem conseguimos tocar três vezes na cabeça do Santo dos Croques (para pedir talento, inteligência e virtude). Fica para uma próxima!
Depois disto e do merecido descanso no nosso alojamento em Santiago (que não vamos dizer qual é porque não nos agradou particularmente), continuamos a visita à cidade e jantamos num engraçado bar, sugerido por um habitante local.
No dia seguinte, já em família, fomos à Eucaristia do Peregrino que se celebra diariamente às 12h, normalmente na Catedral. No entanto, devido às obras esta missa decorreu na Igreja de São Francisco.
E, para terminar a nossa viagem em beleza, nada melhor que umas cervezas e umas tapas à espanhola. O restaurante? O mesmo do almoço do dia anterior. Gostamos tanto que lá voltamos. Desvendaremos qual o restaurante num próximo artigo, brevemente.
Acabamos este artigo tão especial com uma frase que nos disseram no Caminho e que de gostamos particularmente (não sabemos de quem é original): “O caminho não muda a tua vida mas muda a tua forma de ver a vida”.
Se gostaste e ficaste inspirado a percorrer os incríveis Caminhos de Santiago, comenta na caixa de comentários abaixo.
Sabe mais sobre os restantes dias do Caminho aqui: 1ª etapa, 2ª etapa, 3ª etapa, 4ª etapa, 5ª etapa, 6ª etapa, 7ª etapa, 8ª etapa e 9ª etapa.
Se precisas de dicas sobre o Caminho de Santiago vê este artigo. Para saberes que Caminhos existem e por onde passam clica aqui.
Se queres saber algo mais sobre o Caminho que não vês respondido nestes artigos, pergunta na caixa de comentários ou passa pelas nossas redes sociais: Instagram, Facebook.
Um dia vemo-nos por aí!
R&P
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Bom dia!
Adorei a vossa experiência e senti-me inspirada e motivada para fazer o Caminho de Santiago!
Gostaria se saber o que aconselham sobre o vestuário, calçado, items indispensáveis, e outras dicas que considerem úteis
Obrigada pela vossa partilha e parabéns pelo vosso blog
Muito obrigado pelo seu comentário, ficamos muito contentes que tenha gostado.
Queremos fazer um artigo com essas informações mas até lá deixamos aqui algumas dicas que consideramos essenciais, isto é, que para nós foram muito preciosas.
Em termos de roupa nós levamos roupa de desporto com a qual já estávamos habituados a caminhar, não levamos nada específico de caminhada. Penso que o ideal é ir com aquilo que se sentir confortável mesmo. Por exemplo, eu, Raquel, levei t-shirt e não tops porque achei que com os muitos quilómetros me iria magoar com o “roçar” dos braços na mochila e foi bem pensado. Meias sem costuras, próprias de caminhada. De calçado levamos sapatilhas próprias para caminhadas longas na montanha. Aqui aconselhamos a levar umas boas e já com bastantes quilómetros em cima (não leve calçado novo!).
Leve apenas o indispensável mesmo. Tudo o que levar a mais pesa nas costas e a roupa lava-se (nos lavatórios lavamos muita roupa).
Indispensável para nós foram os pensos para bolhas da Compeed (não recebemos nada por esta publicidade ahah mas achamo-los mesmo bons), bolsa impermeavel para telemoveis e documentos, casacos impermeáveis, um creme gordo (vaselina por exemplo) para hidratar bem os pés. Bem e tudo o resto “normal” que se tem que levar numa viagem.
E bom caminho! Esperamos ter ajudado 😀
Olá! Uma vez mais, muito obrigada pela atenção e partilha! 😀 Irei acompanhando as vossas publicações, com muito interesse!
Muito obrigado nós 🙂 Ficamos mesmo contentes 😀
Adorei o site!
Obrigada por partilharem as vossas experiências.
Vou continuar a espreitar 😀
Beijinhos
Boas viagens
Que bom! Muito obrigado 🙂
Boas viagens 😀
Inspirador e pedacinho bom de ler. Gratidão.
Este ano vou fazer a 10ª etapa – Padrón a Santiago de Compostela. Uma dificuldade na anca pode não permitir todo o caminho então decidi fazer este ano a 10ª. etapa e para o ano, se correr bem do ponto de vista da saúde física faço a 9ª e a 10ª e assim vou acrescentando até ao sonho de fazer desde Tui.
Já me disseram que esta etapa tem uma parte muito de subida… consegues dar-me uma correspondência em Portugal do que poderei ir encontrar? isto porque a indicação que tenho é de fazer caminhadas sem impacto e em plano porém Santiago chama-me e eu vou. Em maio. Quero é preparar-me o melhor que puder para este caminho de peregrina. Se tiverem dicas, só posso agradecer.
Grata pela vossa escrita. Um tesourinho bom, mesmo. Parabéns <3
MM
Boa tarde Margarida,
Antes de mais parabéns pela motivação para fazer o Caminho!
A 10ª etapa tem, de facto, uma subida custosa. O problema nem é tanto a sua inclinação (há etapas com subidas com mais inclinação) mas sim a duração total da subida e o cansaço já acumulado nas pernas. Não nos estamos a lembrar de nenhum trilho semelhante em Portugal. Mas há etapas bem piores do Caminho Português de Santiago (por exemplo, a etapa Barcelos – Ponte de Lima, bastante mais difícil). Para treinar pode fazer partes de etapas do Caminho noutros pontos de Portugal, mais perto de onde reside.
Beijinhos e bom Caminho,
Raquel & Pedro
Um dia vamos
A pensar fazer o caminho pela primeira vez (na verdade, ando há muito a dizer que tenho de fazer só que ainda não aconteceu), mas indeciso entre o central, o da costa ou até o primitivo. Obrigado pelo vosso relato.