Um dia vamos… ao Caminito del Rey

No desfiladeiro de Gaitanes, em El Chorro (a 65 km de Málaga), existe um trilho que já foi considerado o mais perigoso do mundo. Trata-se do Caminito del Rey, um percurso por entre as montanhas que desafia a lei da gravidade.

Foi construído em 1905 para facilitar o transporte de materiais entre as montanhas de Chorro e Gaitanejo enquanto era construída uma barragem no rio Guadalhorce. Este caminho com cerca de 3 km ficou conhecido pelo seu nome atual em 1921, quando o rei Afonso XIII teve que o percorrer para inaugurar a referida barragem.

Os anos passaram e o percurso caiu no esquecimento. Partes do trajeto foram-se desmoronando, processo que se agravava com a queda de rochas que se desprendiam das montanhas, conduzindo a um estado avançado de desgaste do caminho. Contudo, as péssimas condições de segurança não demoviam os aventureiros mais destemidos, que ainda assim o tentavam atravessar (por vezes sem o devido equipamento de segurança). Após a morte de quatro pessoas em dois acidentes em 1999 e 2000, o governo local decidiu encerrar o trajeto, mas ainda morreriam mais quatro pessoas até 2013.

Em 2015, após um investimento de milhões de euros, foi reaberto ao público um Caminito totalmente reconstruído, com todas as condições de segurança. A reabertura foi tão aguardada que nas primeiras 24 horas da venda dos bilhetes foram compradas 15 mil entradas e a Lonely Planet nomeou o Caminito como um dos lugares mais incríveis a visitar em 2015.

 

O CAMINITO DEL REY PELOS NOSSOS OLHOS

A nossa curiosidade pelo Caminito começou quando descobrimos vídeos do antigo Caminito. A paisagem digna de um filme do Indiana Jones era o motivo, mas a ideia de percorrer um caminho no estado que nos era apresentado, com dificuldade elevada e com boas probabilidades de dar para o torto, amedrontava-nos. No entanto, como bravos portugueses que somos, não espelhamos qualquer ponta de medo e dissemos um ao outro que era algo que queríamos fazer.

Escusado será dizer que ficamos felizes quando pesquisamos e percebemos que o caminho tinha sido intervencionado e que já oferecia excelentes condições de segurança aos seus visitantes. No entanto, na nossa opinião sincera após o termos percorrido, se calhar um bocado excelentes demais… E, por este motivo, não pudemos deixar de ficar um pouco desiludidos. A dificuldade técnica e o risco são agora praticamente nulos, já que o espaço para caminhar é largo e muito regular e existem múltiplas proteções ao longo de quase todo o percurso (como se pode confirmar através das fotos anteriores e seguintes).

Apesar deste desapontamento, o nosso nível de entusiasmo ao longo do percurso manteve-se sempre em alta devido à paisagem idílica que tínhamos como pano de fundo, ao facto de estarmos a dezenas de metros de altura, no meio de rochas que pareciam tocar no céu, e à visão que tínhamos sobre o antigo Caminito que, durante a maior parte do trajeto, se situa debaixo dos novos passadiços.

Caminito del Rey
A vista num dado ponto do Caminito

O ponto alto deste percurso é a ponte suspensa quase no final do trajeto. Difícil traduzir por palavras a sensação de a atravessar, com um estreito rio lá em baixo.

Caminito del Rey
Vista para a ponte suspensa e para a conduta
Caminito del Rey
Vista da ponte suspensa, já na parte final do Caminito

Todas as incríveis fotografias que possam ver do Caminito não conseguem demonstrar a força e a dimensão que a natureza assume no Desfiladeiro de Gaitanes.

Nota: Não percam os episódios passados no Parque Ardales na secção DICAS!

 

SE ESTÃO A PENSAR FAZER O CAMINITO DEL REY, LEIAM ESTAS DICAS

Preços & informações gerais (atualizados a 05/05/2018):

1. Onde ficamos alojados?

Passamos a noite antes de realizar o Caminito acampados no Camping Parque Ardales. Fica situado muito perto da entrada do Caminito e por isso foi uma boa opção. Contudo, há duas situações caricatas a contar sobre este parque. Primeira: é a pique! Do sítio onde montamos a tenda até às casas de banho fazíamos um percurso bem mais atribulado que o Caminito em si. Segunda: quando lá chegamos vimos folhetos na parede que diziam “No alimente a los zorros” (Não alimente as raposas). Ok… Mensagem recebida. Durante a noite percebemos que se esqueceram de avisar que o parque tinha mais raposas que campistas! Mas não se preocupem, são pacíficas, apontam-lhes a lanterna e elas fogem. Tudo isto e uma hilariante conversa em “portunhol” com o vigilante do parque que não conseguia perceber nada do que lhe dizíamos contribuiu para uma estadia que nos vale sempre umas gargalhadas quando a relembramos.

 

2. Preço dos bilhetes

Comprem os bilhetes com a devida antecedência (podemos estar a falar de meses) porque tendem a esgotar. Os bilhetes custam 10€  por pessoa. Se optarem por uma visita guiada o preço sobe para 18€. Podem comprar bilhetes já com autocarro incluído (aconselhamos, ver o porquê no ponto 5) por mais 1,55€ (custa o mesmo comprado no autocarro).

 

3. Que turno escolher?

Nós começamos o trajeto do Caminito às 9h30, mas existem vários turnos. Nos meses de verão, aconselhamos a escolherem as horas mais frescas, como as primeiras da manhã, já que esta zona montanhosa é muito quente durante este período.

 

4. Meteorologia

Nós tivemos sorte e fizemos o Caminito no dia para o qual reservamos. Contudo, em dias com más condições meteorológicas, como por exemplo em dias muito ventosos, podem cancelar-vos o percurso por condições de segurança. Nesse caso, podem fazer o caminho no dia seguinte ou trocá-lo online por outro dia nos próximos 2 meses. Não aceitam reembolsos.

 

5. Como chegar ao Caminito del Rey e regressar ao local onde estacionaram?

O Caminito del Rey não é um trilho circular. Assim sendo, chegando ao fim, é necessário regressar ao local de partida, e é aqui que entra o autocarro. O início do Caminito corresponde à entrada norte. Começa em Ardales, no acesso norte, e termina em Álora, no acesso sul.

Chegados a Ardales basta seguir as placas indicando “Entrada Norte”. Existe um parque de estacionamento ao lado do restaurante El Mirador (o preço é de 2€ para todo o dia), onde vos aconselhamos a deixar o carro.

Atenção: devem garantir que chegam ao estacionamento 30 minutos antes da hora do bilhete pois ainda têm que percorrer um trilho para alcançar a entrada oficial do Caminito.

Existem duas opções de trilho bem sinalizados (um com 2,7 km e outro com 1,5 km, que atravessa um pequeno túnel) para aceder à entrada oficial, onde devem mostrar os bilhetes e onde vos dão os capacetes.

O Caminito del Rey tem 3,3 km e na saída é preciso caminhar sensivelmente mais 2 km até ao autocarro. Em Álora, no final do percurso, sai um autocarro a cada 30 minutos de volta a Ardales (o percurso feito pelo autocarro demora 20 minutos e este opera em ambas as direções).

Uma outra opção é estacionar o carro na acesso sul em Álora e apanhar o autocarro no início da viagem para chegar à entrada norte.

 

6. Dicas gerais

  • Vão ter que caminhar entre 8 a 9 km no total (o que equivale a 3h-3h30, se quiserem apreciar a paisagem e tirar fotografias) por isso levem água suficiente e calçado confortável.
  • Crianças menores de 8 anos não podem fazer o Caminito del Rey.
  • São proibidos bastões de caminhada, guarda-chuvas e selfie sticks.
  • O caminho é sempre sinalizado e não há como se perder.

 

Quem gosta de fazer trilhos e caminhadas não pode deixar de percorrer o Caminito del Rey.

E a nossa última recomendação é que se divirtam! 🙂

 

Um dia vemo-nos por aí!

R&P

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.